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Interpretação
José de Alencar é considerado o “fundador do romance de temática nacional”, autor de alguns dos cânones da literatura brasileira. Nasceu em 1 de maio de 1829 na cidade de Messejana (atualmente faz parte de Fortaleza), Ceará, Império do Brasil. Faleceu com 48 anos, em 12 de dezembro de 1877, na cidade do Rio de Janeiro. Tem sua obra marcada pelo nacionalismo em um esforço para difundir a questão da própria cultura, trilhando o caminho da literatura brasileira. Os três romances indianistas O guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874) carregam a marca histórica, criando um mito sobre a origem do povo brasileiro, romantizando o encontro do heroico índio puro, com o europeu cristão, surgindo um novo povo e uma nova civilização. Mas o autor tem em seu repertório romances históricos, de costumes, regionais e urbanos, como Cinco minutos (1860), A viuvinha (1860), Lucíola (1862), Diva (1864), A pata da gazela (1870), Sonhos d’ouro (1872), Senhora (1875) e Encarnação (1877).
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O modernismo e a nacionalidade de José de Alencar e Mário de Andrade
O artigo escrito pelo professor do Departamento de Linguagem e Tecnologia e da Pós-Graduação em Estudos de Linguagens do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) Menezes, relata a pesquisa que deu origem ao livro “Aspectos do folclore brasileiro”, empreendida por Angela Teodoro Grillo nos documentos encontrados na em emblemática casa de Mário Mário, situada na Rua Lopes Chaves, 546, Barra Funda, Rio de Janeiro, casa visitada por nós alunos pelo link: http://casamariodeandrade.org.br/morada-coracao-perdido/.
O artigo contribui para entender o engajamento de Mário sobre a questão do “nacionalismo literário”, teorizado por Antônio Candido, onde ele relata a intenção dos autores brasileiros de escrever sobre o tema “Brasilidade”, suas peculiaridades, costumes, natureza, tradições e seus habitantes. Assim o artigo demonstra o viés analítico, empreendido nos manuscritos escritos por Mário, ainda sua tentativa de seguir métodos de pesquisa mais científicos, marca de escritores modernistas na busca de criar relatos com marcas históricas.
O primeiro capitulo do livro traz o título de Folclore do Brasil, e é dividido em 3 partes. A primeira denominada “Folclore”, traz a questão da musicalidade caipira que começava a ser gravada em discos, para Mário essa era utilizada com viés político pelo governo da época, essa busca de Mário de Andrade pela poética na musicalidade é relatada por Flávia Toni, no texto “As Pesquisas Folclóricas”. Na segunda parte intitulada “Estudos sobre o negro”, temos o contato com três artigos “Cinquentenário da Abolição”, “A superstição da cor preta” e “Linha de cor”. Todos tomam como tema a negritude brasileira e a questão do racismo no Brasil. A terceira “Nótulas folclóricas” traz explicações para termos, expressões e manifestações folclóricas, pesquisadas e colecionadas por Mário.
O segundo capítulo intitulado “Estudos Convidados” tem se dois ensaios críticos a teorias, artigos e projetos de sua época, analisando o folclore e a questão negra.
Já o terceiro e último capitulo intitulado “Dossie” aparecem copias de manuscritos e diversos textos escritos por Mário, relativos aos temas folclore nacional e a cultura afro-brasileira.
Além de passar pela obra “Aspectos do folclore brasileiro”, mostrando o esforço do escritor pela questão nacional, o artigo situa a historicidade em que o escritor está inserido, explicando que nas décadas de 30 e 40 havia uma crescente nos regimes com viés racial, tais como na Alemanha nazista e o racismo Americano como “marco institucional”. O que fez com que o autor negasse inúmeros convites para ser palestrante em solo americano, fortalecendo assim, seu viés antirracismo interrelacionado em suas obras.
Já o artigo escrito por André Monteiro que atualmente é Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, faz uma relação dos textos Romancistas e Modernistas analisando como o sentimento Nacionalista descrito por Antônio Candido influenciou escritores. Pra isso o autor utiliza exemplares do Cânone Brasileiro, entre eles as obras, Macunaíma de Mário de Andrade e Iracema de José de Alencar. Denotando a figura do índio como o “elemento unificador da identidade nacional, também a imagem do sertão descritas nas obras dos escritores nacionais.
Nesse processo o pesquisador cita os livros “O Guarani” e “Iracema”, porém, mostra o quanto o processo nacionalista buscou um caminho europeu visando a “conciliação”. Pois o herói “Peri” de O guarani sofre um processo de esbranquiçamento, sendo batizado, e dá o exemplo de como Iracema se torna uma fiel esposa cristã, abandonando seus ritos e crenças indígenas, aceitando o marido que veio do outro lado do mundo.
Contrapondo essa tendência rumo a harmonia, Monteiro cita Macunaíma, onde existe o “des-caráter” de um herói, uma história sem marcas do modernismo “verde-amarelo” que foi cunhado na crença do caráter nacional ou das mascas do romance modernista desenhado pela busca de uma representação documental de época. Assim se desvinculando do que seria usual aos escritores modernistas brasileiros, criando uma escrita sem precedentes em nosso solo, com um novo tratamento narrativo aplicado ao texto o prestigia à vanguarda modernista.
O artigo relata o acerto de José de Alencar com o livro Iracema, de tupicanizar a língua portuguesa, utilizando criptofonias e o plano de expressão, quebrando a sintaxe linear da língua. Mostrando como Alencar como um aclamado escritor da vanguarda, porém, segundo Monteiro, temos que ler os textos com olhos no cenário que os precederam, e não com a visão focada na tradição literária moderna e modernista.
O texto inclui outras obras para levantar os aspectos históricos do modernismo e do romantismo na literatura brasileira, e de como seus valores contribuíram na formação do cânone literário com prometidos com o espírito “nacionalista”. Entre elas A poesia de Mário de Andrade em “Paulicéia desvairada”, o romance “A Escrava Isaura” escrito por Bernardo Guimarães, O Uruguai de Basílio da Gama, Caramuru de Santa Rita Durão. Assim sendo um curto levantamento historiográfico de nossa literatura, mas sem pretensões para tal.
Referência Bibliográfica
MENEZES, Roniere. Aspectos do folclore brasileiro. Revista Do Instituto De Estudos Brasileiros, 2019, 1(75), pg-192-198.Belo Horizonte. Disponível em: <https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v1i75p192-198>. Acesso em:03/09/2020.
Monteiro, André Romantismo e Modernismo: A Construção do Cânone de Nacionalidade na Literatura Brasileira. Revista Verbo de Minas, 2_2009, pg-211-223. Juiz de Fora. Disponível em: <https://seer.cesjf.br/index.php/verboDeMinas/article/view/380>. Acesso em:03/09/2020.