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Memorial
Memorial Sidnei Siqueira Miranda
Sou Brasileiro nascido em 1978 no dia 04 de abril, na cidade de Belo Horizonte. Meus primeiros cinco anos de vida foram vividos no bairro Renascença (nunca tive residência em outra cidade). Posteriormente meus pais foram morar no bairro Vila Clóris, em um barraco de aluguel mais próximo do emprego de meu pai, onde vivemos até meus 20 anos. Essa morada tinha um quarto, sala cozinha e banheiro, o piso era de cimento e taco encerado, o lote era dividido entre uma casa maior e outros três barracões de 3 cômodos.
Minha família é composta pelos meus pais e 3 irmãos, onde sou o primogênito. Meus pais são pessoas humildes com pouca instrução, a pouco tempo minha mãe cursou o primeiro e o segundo grau pelo EJA, ela tendo mais de 55 anos, meu pai ainda tem somente a quarta série. No ano de 2016 meu pai sofre de AVC tendo o lado direito e a fala comprometidos. Minha mãe deixou de ser dona de casa pouco antes da doença de meu pai, já ele sempre foi pintor, profissão que segui.
Estudei sempre em escolas públicas. Do primeiro ao quarto ano estudei na Escola Municipal Minervina Augusta, bairro Campo Alegre. Período complicado, onde o meio que estava inserido era de extrema pobreza. Lembro das professoras fazendo sorteio de lápis e borracha e competições de quem tinha o material mais gasto pra ganhar outro igual, além de que era comum alunos levarem panelas pra escola querendo levar merenda pros pais, pois não tinham alimentos em casa.
Já da sexta série ao término do segundo grau estudei na Escola Estadual Maria Luiza Miranda Bastos, no bairro Planalto (nesse período comecei a ter vontade de ser professor por admirar alguns docentes que me ensinavam, em especial a professora de química chamada Cláudia). A escola estava melhor localizada, por isso, níveis severos de pobreza não eram tão comuns, pelo contrário, nesse ambiente que vi pela primeira vez um videocassete, eletrônico que somente poucos tinham mas que posteriormente ficou acessível. O transtorno nessa escola era o alto nível de violência, todos os dias tinha policia na escola, com casos de agressões e até tiros.
Comecei a trabalhar na oficina com 14 anos, intercalando estudos e trabalho, por isso não tive condições de focar nos estudos. Tentei várias formas de ganhar dinheiro quando ainda criança (vendedor ambulante de bebidas em eventos, fazer bombons e ovos de páscoa, atendente de pequenas lojas). Mas o retorno nunca foi satisfatório chegando a apanhar de dono de loja e de pessoas na rua. Acabei adotando a profissão de meu pai até que tivesse condição de andar pelas próprias pernas.
Com meus 18 anos consegui meu primeiro emprego de carteira assinada em uma agência de Correios Franqueada. Em 1998 minha família se mudou para o bairro Jaqueline, meu pai conseguiu comprar um apartamento de 2 quartos, mas que perdera por falta de pagamento. Já com 22 anos comecei a trabalhar em uma metalúrgica em Lagoa Santa e a namorar a mulher com que casei e me deu uma filha no ano de 2009, mesmo ano que comprei meu apartamento. O casamento foi um marco em minha vida.
Apesar de tudo, em mim não morreu a vontade de estudar. Por isso acabei investindo em um curso EAD de Tecnólogo em Administração de Micros e Pequenas Empresas, não era o que queria, mas me formei pensando em abrir uma empresa de pintura de veículos, mas esse sonho se realizou por um período curto devido a exigências dos Governos. Fui o primeiro de minha família a ter se formado em um curso superior, hoje meus irmãos são formados um em Artes e o outro em Web Designer. Posteriormente arrumei emprego em uma prestadora de serviços de manutenção de equipamentos ferroviários, buscando ascensão profissional, fiz um curso técnico em eletrônica na Escola Estadual Técnico Industrial Professor Fontes, excelente curso. Gostei tanto que fiz ENEM e consegui uma bolsa de estudos na Estácio De Sá, para cursar Sistemas de Informação, por não me identificar com a faculdade e o sistema de ensino, tranquei a matricula.
Foi então que me veio a vontade de fazer algo pra mim e não buscando apenas uma fonte de renda. Fiz ENEM novamente e consegui em 2017 uma vaga no curso de Letras Licenciatura. Juntei um dinheiro com a ideia de sair do emprego e focar nos estudos, assim fiz, nessa época levei minha filha diversas vezes na faculdade, para crescer nela o gosto por estudar. Passei os anos de 2018 e 2019 estudando sem pensar em trabalhar, porém minha reserva estava no fim, tendo então que conseguir um emprego.
Assim me inscrevi na Designação do Estado querendo trabalhar como professor, porém chegou a pandemia de COVID e com ela se foi o sonho de trabalhar em escolas no ano de 2020. Com as escolas fechadas e sem dinheiro vi minha saída na profissão aprendida com meu pai. Porém é nesses momentos que vemos que tudo que passamos nos faz fortes para o que vem a seguir, pois apesar de termos vivenciado uma época trágica pra humanidade, consegui um excelente emprego e agradeço muito por ter voltado a trabalhar no meio ferroviário pela empresa Via Permanente, a mesma que possibilitou que as portas de outra grande empresa se abrisse para mim. Atualmente trabalho na MRS onde me sinto realizado tendo orgulho de fazer parte do crescimento do país. Porém meu sonho de ser professor segue firme e busco ainda continuar estudando, pois percebi que tenho essa necessidade.