
Literatura e Sabedoria
Um aspecto humano universal é de que o conhecimento pode ser passado, ou, ensinado. Assim culturas dividem suas histórias e pensamentos procurando a propagação de seu saber e reflexões para o maior número de pessoas que fazem parte dessa sociedade e até para oriundos de outras, propagando assim seus pensamentos. Essas narrativas, verdadeiras ou falsas, são chamadas de Mitos, sendo celebradas por estudiosos de todo o mundo.
Assim toda cultura tem seus mitos contados por seu povo. Como exemplo temos o Descobrimento do Brasil, onde a história conta que no dia 22 de abril de 1500 portugueses desembarcaram em solo que hoje é chamado de Brasil. Esse relato ainda é estudado e contado por inúmeras gerações, sendo que o primeiro relato foi escrito por Pedro Vaz de Caminha, através de uma carta escrita à nobreza portuguesa. Mas até que ponto esse mito é verdadeiro ou falso? Será que realmente os portugueses descobriram uma nova terra?
Assim através de histórias os povos transmitem suas observações sobre o mundo, suas conquistas, fenômenos naturais, características da psique humana e sua religiosidade, utilizando de narrativas, contadas de geração em geração. No caso dos gregos essa era transmitida em praça pública para todos os habitantes de suas cidades, transmitindo sabedoria e cultura, criando mitos sacramentados por seus heróis, revelando os aspectos variados de sua sociedade.
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Heróis épicos
Um aspecto humano universal é de que o conhecimento pode ser passado, ou, ensinado. Assim culturas dividem suas histórias e pensamentos procurando a propagação de seu saber e reflexões para o maior número de pessoas que fazem parte dessa sociedade e até para oriundos de outras, propagando assim seus pensamentos. Essas narrativas, verdadeiras ou falsas, são chamadas de Mitos, sendo celebradas por estudiosos de todo o mundo.
Assim toda cultura tem seus mitos contados por seu povo. Como exemplo temos o Descobrimento do Brasil, onde a história conta que no dia 22 de abril de 1500 portugueses desembarcaram em solo que hoje é chamado de Brasil. Esse relato ainda é estudado e contado por inúmeras gerações, sendo que o primeiro relato foi escrito por Pedro Vaz de Caminha, através de uma carta escrita à nobreza portuguesa. Mas até que ponto esse mito é verdadeiro ou falso? Será que realmente os portugueses descobriram uma nova terra?
Assim através de histórias os povos transmitem suas observações sobre o mundo, suas conquistas, fenômenos naturais, características da psique humana e sua religiosidade, utilizando de narrativas, contadas de geração em geração. No caso dos gregos essa era transmitida em praça pública para todos os habitantes de suas cidades, transmitindo sabedoria e cultura, criando mitos sacramentados por seus heróis, revelando os aspectos variados de sua sociedade.

A literatura e conhecimento na Grécia da Idade das Trevas eram passados de forma oral, cantados por poetas denominados de Aedos. Esses cultuavam as musas, que lhe passavam o dom de compor. No passado acreditavam que todo dom era divino, e como a voz dos Aedos era a voz proveniente de deuses, este tinha valor de verdade. Assim foi transmitida a tradição grega, os costumes e suas leis, de forma oral, transmitidas por jovens. Porém aproximadamente no século VIII aC os gregos criam seu próprio alfabeto, começando assim a transcrição de sua cultura.
Assim com o surgimento do alfabeto, foram passados seus contos épicos e orais para a escrita, sendo que um dos, ou o maior, desses escritores foi Homero. Existem diversas hipóteses sobre a obra e a vida desse escritor grego. Uma vertente afirma que ele foi um homem, que viveu na Grécia antiga, cujo trabalho foi de transcrever as obras divinas para textos escritos. Porém surge no ano de 1795 Friedrich August Wolf com a teoria de que Homero nunca existiu, sendo que juntaram em um único texto algumas histórias épicas. Essas criadas por Aedos anônimos, surgindo assim Ilíada, dando o nome do criador dessa obra de Homero. Acontecendo o mesmo com A Odisseia. Wolf utilizou para tal teoria conceitos da filologia, tais como erros de continuidade.
Portanto não podemos afirmar, por falta de documentos, a existência de Homero, tão pouco não temos como negar o mesmo argumento. Assim como não podemos afirmar que Ilíada e Odisseia foram escritas pela mesma pessoa ou por vários escritores, somente podemos supor, criando assim teorias sobre o surgimento desses mitos, desde como foi sua criação e de quem é sua autoria. Porém está bem solidificado a questão da tradição épica cantada por Aedos, sendo que assim que se criou o alfabeto, essa foi sido escrita. Sendo que os textos Homéricos, a criação do alfabeto e a início dos jogos Olímpicos na Grécia, marcam o fim da Idade das Trevas para os gregos, começando a Era Arcaica.

Iliada é o primeiro texto da literatura Ocidental, esta é atribuída ao poeta Homero. Sendo que o surgimento dos textos escritos dá fim a tradição dos textos com uma métrica feita para serem cantadas pelos Aedos, dando início a um contador de histórias chamado de Rapsodo, onde o orador deixava de ser um improvisador, para ser um recitador de textos escritos.
Essa História épica narra a Guerra de Tróia, mais precisamente, relata um acontecimento especifico, a cólera do personagem principal, o semideus Aquiles, o maior dos guerreiros gregos, filho da deusa Tetis com rei Peleu. Ilíada inicia quando a ira desmedida de Aquiles que se volta contra os gregos, seus aliados, pois o herói se desentende com o general mais influente da Grécia, Agamenon. O chefe dos exércitos gregos, tira a jovem escrava troiana Briseida de Aquiles, após o general ter que devolver Criseida, por causa de uma praga enviada por um oraculo do deus Apolo, que atinge o exército grego pela não devolução de sua escrava troiana. Assim Aquiles se retira da guerra esperando o arrependimento e as súplicas de Agamenon, e da Grécia, pelo seu retorno. Com a saída do semideus o exército de Troia ganha forças. Aquiles pede ajuda de sua mãe para que intervenha a Zeus pedindo para que a tropa grega começasse a perder a batalha.
A cólera de Aquiles se volta contra os troianos quando Pátroclo seu amigo é morto por Heitor filho do rei troiano, que o confunde com o próprio Aquiles, pois este teve a ideia de utilizar a armadura do herói, para que as topas gregas ganhassem animo, visto que estavam perdendo a guerra. O general Agamenon chega a pedir desculpas para o herói, mas nada mais importa a Aquiles, somente o desejo da vingança. Assim ele volta com sua ira redobrada, e mata inúmeros soldados troianos, inclusive Heitor. Mas sua ira não passa com a morte de seu inimigo, então, Aquiles ultraja o cadáver de sua vítima, tendo que Zeus que intervir pela devolução do corpo ao Rei Priamo pai de Heitor. Que com a ajuda do deus Hermes segue pelo acampamento do exército grego que implora pelo corpo de seu filho ao herói. Aquiles foi morto a flexadas pelo irmão de Heitor, feito esse considerado sem algum valor, pois teria sido feito pelo covarde Paris, não tendo derrotado Aquiles em campo de guerra, mas por uma atitude medrosa.
Com esses feitos Aquiles simboliza a condição heroica no seu nível mais extremo, pois ele quer a imortalidade através da honra. Para isso ele sabe que deve morrer cedo, arriscando tudo em campo de batalha, esperando o máximo de glória. Essa busca pela Glória Imperecível é o combustível para as atitudes extremistas do semideus, sabedor do preço a ser pago pela imortalidade: a morte.

Nosso entendimento sobre a lírica grega não é muito correto pois baseamos nosso entendimento atual pelos livros didáticos, mas essa tem outras características que esses não abrangem. A princípio o modo que os gregos antigos tinham de passar conhecimento era através da oralidade pelos aedos. Mas com o surgimento do alfabeto e o crescimento das cidades (pólis), Filólogos da Biblioteca de Alexandria, transpassaram essas oralidades para textos escritos, separando-os em três gêneros: Gênero Lírico, Gênero Épico e o Teatro.
No período arcaico as pessoas ainda cantavam suas histórias, muitas feitas ao som da lira, esses então tomaram o nome de melos, ou mousikes, ou seja, cantos, essas eram as Poesias Métricas. Com o passar do tempo os textos saíram da pura oralidade, passando também para a escrita, surgindo assim os primeiros poetas líricos, formando então a Poesia Lírica, onde os alexandrinos creditavam essa denominação a todas histórias contadas ao som da lira.
Com o fortalecimento da escrita ocorre uma revolução intelectual, que, junto com o crescimento das polís, altera o modo de pensar dos gregos, assim como sua criação artística. Assim sua forma de luta se altera, criando uma noção de união, onde um todo era mais forte que um indivíduo heroico, elevou-se o espirito de grupo. Passando a se valorizar os guerreiros, começando assim uma onda de revoluções, mudando a forma de poder na sociedade, em algumas cidades surgiram tiranos, com apoio do povo tiraram os aristocratas do poder, os tiranos saíram dando lugar a Democracia. Onde todos que poderiam participar, em algum momento, de uma guerra, tinham direito ao voto.
Com toda essa nova formação política e civil, o protagonismo das histórias deixou de ser feito por nobres. Surgindo novos elementos como personagens principais. Entendendo que a vida não podia ser feita só por atos heroicos, mas também por fatos do cotidiano, celebrando o amor (Afrodite), o vinho (Dionísio), e a arte (Musas).
Já no período do Romantismo, os estudiosos começam a separar os gêneros textuais em 3, a Épica, o Drama e a Lírica, passando a denominar de Poesia Lírica a todo texto que não seja épico ou lírico, intitulando os textos líricos através de características que o mesmo não tem. No mundo contemporâneo o gênero praticamente morre, designando o termo de Lírica a toda poesia em geral.
Por fim nosso entendimento atual é distorcido da forma de arte apresentada pelos gregos, pois na atualidade não temos um equivalente exato, ficando apenas sombras do que seria essa arte. Não sendo a mesma coisa que a poesia atual, que se desata da música, e nem é parecido com a musicalidade atual, pois a melodia não tem grande relevância, pois o texto exerce o papel central na lírica, acreditasse que na época ainda não existia partituras para transcrever a melodia.

Tragédia grega foi o primeiro gênero de teatral criado na Grécia, posteriormente foi surgindo outros gêneros. Existem algumas teorias sobre seu surgimento, mas a Tragédia se trata de uma composição dramática contada em prosa ou verso. Sendo um evento religioso, pedagógico e artístico onde os ouvintes experimentavam uma espécie de catarse, ou seja, uma espécie de libertação suscitando duas emoções o medo e a piedade. Segundo Aristóteles essa era praticada em Atenas, em homenagem ao deus do vinho e das festas, Dionísio, sendo esses festivais conhecidos como Dionisía
Essas celebrações aconteciam anualmente em forma de competições, cujo concurso começava com a escolha de 3 autores que se alternavam em 3 dias. Acontecendo a apresentação de 3 tragédias e um Drama Sátiro, esse mais leve colocado para quebrar o peso creditado pelas outras três peças. Eram cantadas por um coral, ao som de instrumento parecido com a flauta. Apenas um único indivíduo mantinha uma interação com o coral, sendo mais parecido com a poesia do que o teatro atual. O Tragediógrafo Téspis foi o primeiro a colocar o segundo personagem, que mantinha contato com o coro, gerando uma representação mais parecido com o teatro atual. Todos os atores tinham que usar máscaras, como forma de manter o anonimato e facilitar a catarce.
Seus temas normalmente vinham da mitologia grega, sua ascensão veio no século Vac, quando começou a surgir a tendencia de recriar acontecimentos históricos, como a vitória grega sobre o exército persa. Daí surge outra teoria que acredita que o gênero era proveniente de recitais que celebravam o herói, e não o deus Dionísio, tanto que não vemos somente teças criadas para louvar o deus do vinho. Existe ainda quem acredita que as tragédias são recitais que celebram textos de Homero.
De toda forma a arte tem vida própria, sendo algo que está sempre em evolução. Não sendo difícil imaginar que a tragédia nasceu sendo uma celebração ao deus Dionísio, e se modificando. Sendo uma forma de experiencia mais ampla e coletiva para os gregos antigos. Podendo a tragédia ter tido início com uma celebração a Dionísio e ter se transformado para uma experiencia mais ampla e coletiva.

Oresteia é a única trilogia de uma Tragédia grega completa que temos conhecimento. Começa por Agamemnon, sendo seguida por Coéfora e terminando por Eumênides.
Agamemnon
A tragedia narra a descendência de Atreu e as maldições que cercam seus familiares. Fundador da casa Tântalo tentou enganar os deuses oferecendo-os um banquete, matando o próprio filho Pelops e o servindo aos deuses. Sendo descoberto os deuses recriaram o jovem, começando assim a maldição familiar. Outra versão dá conta dessa maldição a tentativa de Tântalo roubar o néctar e ambrosia dos deuses, em um desejo de enganar os deuses a qualquer curso. Sofrendo o castigo de passar a eternidade em um pântano, passando fome e sede, mesmo tendo frutos e água próximos a ele, esses fogem e ele não consegue matar suas necessidades.
Pelops querendo vencer o rei de Miscenas, Enomau, em uma corrida de bigas para conquistar a mão da princesa Ypodamia, pois para casar com sua filha o rei impôs que os pretendentes deveriam vencelo. Então para ter certeza de sua vitória Pelops subornou um servo, para que sabotasse o carro do rei, com isso por acidente o rei morre. Ypodamia relata que o servo tentara-a estuprar causando ira em Pelops que joga o de um precipício recebendo a segunda maldição familiar. Pelops vira rei reinando com Ypodamia,
Os irmãos Atreu e Tiestes, após a morte de seu pai Pelops, disputavam o trono de Micenas. Mas Atreu conquista o trono, e acaba banindo Tiestes de Miscenas. O perdedor querendo vingança vira amante da esposa de seu irmão. Quando Atreu descobre a infidelidade da esposa, quis vingar-se. Convidando Tiestes para um banquete a pretexto de uma suposta reconciliação. Mas imitando a seu avô, quando serviu seu próprio filho aos deuses, esse matou seus sobrinhos, revelando a Tiestes que a comida servida a ele era carne dos seus próprios filhos banindo novamente Tiestes de Micenas. Atreu e sua família foram amaldiçoados pelo irmão, por causa dessa afronta, acontecendo a terceira maldição. Não estando satisfeito com a maldição, Tiestes buscou o conselho de um oráculo, que disse que um filho dele com sua própria filha vingara-o, nascendo assim Egisto. Já Atreu tem dois filhos Agamemnon e Menelau estando os dois sob a influência das três maldiçoes.
Helena esposa de Menelau é raptada por Paris, que busca união militar com Agamemnon e outros líderes, dando origem a Guerra de Troia. Mas como provocara a ira da deusa Ártemis essa cessou os ventos, não podendo o exército sair com os navios para a guerra. Procurando por conselhos de um oráculo esse lhe disse que a ira da deusa só cessaria com o sacrifício de sua filha mais velha Ifigénia. Aceitando ele amordaça sua filha, para que ela não o amaldiçoasse, e acaba com a ira da deusa matando sua própria filha. A guerra dura 10 anos, e Agamenon tem que voltar vitorioso para sua cidade, mas a nação está sob o comando de sua esposa Clitemnestra, que não está satisfeita com a morte da filha. Agamemnon famoso e mais rico com os despostos de guerra, volta como o mais poderoso dos gregos, acompanhado de Cassandra, filha de Príamo, serva de Apolo, de quem recebera o dom da profecia, tendo ela profetizado a Agamemnon que ele morreria caso ele voltasse pra sua casa. Clitemnestra mata seu marido e a profetiza, governando ao lado de seu amante Egisto.
Coéfora
Mas a morte de Agamemnon não passaria em branco, 10 anos depois Orestes, o filho de Agamenon se torna adulto. Por ordem de Apolo que o obriga a vingar seu pai, tendo que matar sua mãe Clitemnestra e o seu amante Egisto, não aceitando teria que aquentar a cólera de Apolo que empunharia ele doenças. Matando os dois fingindo ser um mensageiro que vem informar a morte de Orestes a sua mãe, sendo instrumento dos próprios deuses. Mas por causa de ter matado sua própria mãe ele foi perseguido e atormentado pelas Erínias, seres que são a personificação da fúria, cujo dever é perseguir aqueles que provocam crimes hediondos como o de matar a própria mãe.
Eumênides
Orestes refugiou-se no santuário de Apolo que o aconselha a ir em busca da deusa Atenas, que iria a seu favor. Atenas propõe um julgamento onde ela seria a juíza, Apolo o advogado de defesa e as Eríneas a acusação. Assim surge o mito sobre o primeiro tribunal. Nascendo também o mito do Voto de Minerva, pois o julgamento acabou em empate, ficando a Atenas o voto que decidiria a disputa, votando-a pela absolvição de Orestes. As Eríneas não satisfeitas querem satisfazer sua sede por vingança, mas Atenas propõe que elas deixassem de ser inquisidoras, para serem as protetoras da cidade de Atenas.

A peça foi encenada aproximadamente em 427 Ac ganhando o concurso em segundo lugar. Seu texto conta a história do filho do rei de Tebas: Laio. Que teria buscado os conselhos de um oráculo, que profetizou que se tivesse um filho, esse algum dia o mataria e desposaria a rainha Jocasta. Assim o rei evitava ter filhos com sua esposa, mas por conta de um descuido causado por bebida, Jocasta engravida dando à luz a um menino. Seu pai por conta da profecia julgou que seria melhor matar a criança, assim decidiu expor seu filho a própria sorte, o abandonando.
Então o rei convoca um servo para encaminhar a criança à morte, esse teria a amarrado pelos pés de cabeça para baixo, na intenção que essa fosse atacada por feras. Porém, esse se arrependeu. Desobedecendo às ordens do rei, desamarra a criança e leva o bebê entregando a um pastor, que acaba doando o menino ao governante de Corinto: Políbio, pois, ele e sua esposa não tinham descendentes, sendo então criado como filho. Assim o rei dá o nome ao bebê de Édipo, por causa de seus pés inchados.
O jovem cresce como príncipe de Corinto, sem saber que teria sido adotado. Quando jovem adulto, em um banquete, um bêbado teria revelado que ele não seria filho legitimo do rei. Atormentado ele busca resposta no oráculo de Delfos, que não responde se ele é ou não filho adotivo, mas que ele mataria seu pai e dormiria com sua mãe. Transtornado com a revelação, Édipo foge para Tebas. Na ocasião encontra uma comitiva real, arrumando briga com seus integrantes, matando a todos. Mas sem saber entre esses estava seu o pai biológico, assim a primeira parte da profecia se realiza: o filho mata o próprio pai.
Quando chega a Tebas, sua cidade natal, Édipo depara-se com um monstro alado com corpo de leão e rosto de mulher: A Esfinge. Essa estava devorando todos que passavam pela estrada, mas antes ela propunha um desafio até então nunca solucionado: que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à tarde tem três? Édipo então desvenda o enigma, e a esfinge pula de um precipício morrendo(A resposta para a questão da esfinge era o ser humano, que engatinha com “quatro pés” quando é bebê, anda sobre dois quando é adulto e alcança três pernas quando envelhece, às duas que já carrega, mais a bengala). Sendo reconhecido como herói, e como a cidade estava sem governante, ele foi declarado rei de Tebas. Casando e tendo filhos com a rainha. Assim a segunda parte da profecia se realiza: o filho casa com sua própria mãe.
A nação é amaldiçoada com uma peste que afeta a fertilidade das mulheres, dos animais e do solo que não produziam mais. Édipo por conta de um conselho resolve consultar um oráculo, enviando Creonte, irmão de Jocasta, como seu mensageiro. O oráculo diz que a punição era por conta da morte do antigo rei, que ainda não tinha sido desvendada. Édipo então busca descobrir quem teria feito tal crime, sem saber que ele é o motivo de tanta desgraça.
Sem conseguir saber quem foi o assassino, Édipo convoca o maior adivinho da Grécia Tirésias, um cego que teria recebido o dom da revelação, mas o ancião, sabendo o que teria acontecido, se recusa a falar a verdade. Mas sem aceitar ficar sem resposta, Édipo acredita que Tirésias e Creonte estejam tramando contra ele. Irritado com tal acusação Tirésias acusa Édipo pela morte de Laico, dizendo que ele próprio é o homem que procurava. Gioconda vendo que seu marido está atormentado, diz para não acreditar em oráculos nem adivinhos, citando a profecia que não se cumprira, que dava conta da morte de Laico, que não foi morto por seu filho, mas sim por ladrões em uma encruzilhada na estrada de Corinto.
Assim édipo começa a pensar que ele teria realmente envolvimento na morte do rei. Neste momento, um mensageiro de Corinto revela que o rei morreu, e que Édipo teria que voltar ao reino de seu pai para reivindicar o trono. Porém, ele se nega citando a profecia, alegando medo de dormir com sua mãe. Mas o mensageiro revela que ele é adotivo. Jocasta desvenda que a profecia tinha se cumprido, sem contar a seu marido\filho implora que Édipo parasse com a investigação.
Ligando os fatos e tirando a força informação do pastor que teria entregado a criança ao seu pai adotivo Políbio, Édipo descobre que teria matado seu pai biológico e casado com sua mãe. Desesperado volta para o castelo e encontra sua esposa/mãe morta, Jocasta teria se suicidado. Assim ele arranca seus olhos e afirma que não quer ser testemunha da própria desgraça e dos próprios crimes.

Eurípides é o mais novo dos três grandes tragediógrafos grego que nossa geração teve o prazer de conhecer seus textos. Viveu na época da grande guerra entre as cidades de Atenas e Sparta. Saindo a cidade ateniense derrotada se iniciando assim seu declínio, marcando também a Ascenção de Sparta como a cidade central da Grécia. Em Medeia ele coloca as questões da mulher que vive na Grécia em evidencia, em uma sociedade patriarcal, suas perspectivas tais como ser mãe e ficar em casa criando os filhos. Em uma duplicidade de intensidade, a fragilidade e a força feminina.
Medeia não deve ser a primeira peça de Eurípides, mas é a mais antiga das tragédias dele que conservaram até os dias atuais. Ela narra a história de Medeia, filha do rei de Cólquida, Eets (dono do Velo de Ouro) e o herói grego Jasão. Apaixonada por Jasão, Medeia ajuda o herói a roubar o Velo de Ouro, conseguindo Jasão foge com a princesa, causando a ira do rei, que os persegue querendo o Velo. Medeia para retardar o rei e poder fugir, mata o irmão o esquarteja e o arremessa ao mar, preocupado com o corpo do filho o rei busca resgatar o corpo desmembrado.
Assim Jasão e medeia seguem para a cidade de Lolco, onde o rei Pélias espera pelo Velo. Medeias convence as filhas do rei a cortar e cozinhar o próprio pai, com algumas ervas mágicas, com o intuito dele se tornar jovem novamente, assim conseguindo a vingança de Jasão para com o rei. Tendo então que fugir para Corinto. Tendo o Rei Creonte grande apreço por Jasão esse dá asilo ao casal e oferece a mão de sua filha Glauce em casamento. Jasão aceita se casar com a princesa, causando a ira de Medeia, que arrependida de tudo que fez por seu amor lamenta seu destino. Creonte preocupado com o que Medeia pode fazer, resolve exilar Medeia e seus filhos, que sem ter uma família para onde voltar, se vê sem saída. Mãe solteira, sozinha com seus filhos, começa a tramar sua vingança.
Ela utiliza seus conhecimentos de feiticeira, planejando fazer com que os filhos levem joias envenenadas para a princesa de Corinto, depois mataria seus filhos com Jasão, como forma de punir seu ex-marido. Jasão busca sua esposa para justificar sua traição, em uma clara tentativa de manipular sua esposa, dizendo que por ela ser apenas uma mulher bárbara ela teria tido vantagens por ter se casado com ele. Não podendo perder a oportunidade de casar com a princesa, pois traria vantagens para seus filhos, esposa e para si próprio, prometendo apoia-la após o casamento.
Egeu, rei de Atenas encontra Medeia, revelando que não tem filhos e busca ajuda contra a infertilidade. Medeia conta sua situação e implora a Egeu acolhida, em troca de acabar com sua infertilidade, sem saber dos planos da feiticeira, ele promete a tão esperada proteção. Medeia cria forças e começa seu plano de vingança, aceitando ser amante de seu próprio marido, que por ego não suspeita de medeia. Medeia envenena uma coroa dourada e algumas vestimentas, que seriam presentes do deus sol a sua família, com a esperança de que a noiva vista as vestes e em seguida morra envenenada. Ela com a desculpa de falar sobre o casamento, pede que Jasão a visite, convencendo-o a permitir que ela presenteie Glauce com os presentes do deus Sol, alegando que fazia tudo isso por motivo de se conciliar com aquela que iria casar com seu marido, para que ela interceda a seu favor junto a Creonte. Mas com a intenção de matar sua rival e seus próprios filhos, ela ainda pede para que os portadores de tais presentes sejam seus filhos. Jasão concorda com o pedido de sua esposa permitindo assim que seus filhos sejam os portadores das vestes e da coroa a sua futura esposa.
Encantada com os presentes Glauce imediatamente veste as roupas, ficando doente logo após. O rei Creonte vendo sua filha agonizando, tenta ajuda-la tocando assim nas vestes e ficando doente, ambos morrem. Media celebra ao ouvir de um mensageiro sobre a morte do rei e da princesa, causando surpresa ao servo. Com parte de seu plano executado, Medeia de posse de uma faca busca encontrar seus filhos. Jasão com medo de que sua esposa poderia fazer, busca encontrar seus filhos, mas Medeia vendo seu desespero mostra a porta de um quarto, dizendo a ele que os cadáveres de seus filhos estão naquele ambiente. Medeia consegue sua vingança e foge para Atenas com o deus Hélios em sua carruagem, concretizando a vontade divina e mostrando seu poder como neta do sol.

Provavelmente dirigida pelo filho do próprio Eurípedes, esta obra póstuma ganhou o primeiro lugar na competição teatral realizada durante a Dionísia. A peça homenageia a divindade de Dionísio que por vingança pune dois irmãos por não o venera-lo. Sendo que o deus do vinho se torna um personagem nessa tragédia que narra a fundação da cidade de Tebas.
Zeus toma forma de touro e rapta a princesa Europa a levando até Creta, tendo filhos com ela. O pai da jovem, o rei da Fenícia Agenor, ordena que seus filhos busquem a irmã, da durante o percurso os irmãos fundam várias cidades. Assim Cadmo, por ordem do oráculo de Delfos, desiste da procura e funda a cidade de Tebas. Tendo que matar um dragão filho de Ares, semeando seus dentes na terra, da qual nasceram soldados armados. Para destrui-los foi aconselhado por Atenas a lançar uma pedra em um deles, que começaram a lutar entre si até que sobraram apenas cinco, esses cinco ajudaram na fundação da cidade. Cadmo é forçado a trabalhar para Ares por 8 anos que depois desse tempo se casa com a deusa Harmonia, filha do Deus da Guerra com Afrodite.
Zeus se apaixona e torna amante de Sémele, filha de Cadmo, essa fica grávida, mas Hera esposa de Zeus descobre a traição. Tendo Zeus prometido a sua esposa um desejo, essa pede que o deus mostre sua verdadeira forma a sua amante, dessa forma ela trama a morte de seu desafeto, pois nenhum mortal consegue sobreviver a verdadeira forma de um deus. Mas como o filho em seu ventre não é humano, esse não morre, tendo que Zeus gestar o seu filho, nas suas coxas, para que Hera não o descobrisse. Nascendo assim Dionísio, sendo que Zeus o entrega a Hermes, que o entrega a tutores parando este sob os cuidados das divas, assim ele aprende a fazer o vinho. Dionísio passa a introduzir seu culto, iniciando na Trácia, enlouquecendo quem não cultuasse, chegando até sua cidade natal Tebas.
As filhas de Cadmo negam a descendência divina de Dionísio, que irritado com tal atitude planeja se vingar das tias e das mulheres da cidade. Logo Dionísio fez com que todas as mulheres saíssem da cidade, as persuadindo a serem suas adoradoras, as Bacantes. Porém Penteu neto de Cadmo, se recusa a venerar aquele suposto deus que se diz filho de Zeus e Europa.
Porém o vidente Tirésias e Cadmo aceitam venerar o novo deus. Penteu então revoltado com a atitude dos dois idosos, os acusa de buscar um novo deus por benefício próprio. Tirésias para se defender faz uma eloquente defesa, censurando Penteu por sua impiedade para com os deuses e com a falta de respeito com seu avô Cadmo criador da cidade. Com tal insolência Dionísio aparece na cidade como um homem representante dessa nova adoração, um jovem branco de cabelos encaracolados e loiros. Penteu pediu a presença desse missionário e o prende, começando o segundo ato.
O episódio dois narra uma disputa entre dois personagens, de um lado um deus que se faz de homem, sendo que do outro lado um rei que por sua arrogância não consegue ver o divino que está a sua frente.
O terceiro ato se inicia com a voz de Dionísio, após um tremor de terra, um trovão, caindo um raio e um fogo vindo de Zeus, até o túmulo de Símiles, com esses milagres o estrangeiro consegue fugir. Chega aos ouvidos do rei por intermédio de um mensageiro, que outros milagres começaram a acontecer por intermédio das bacantes. Mas o rei nem vendo tantos acontecimentos sobrenaturais, não se dobra à nova adoração.
Assim missionário conversa com Penteu que o convence a conhecer o novo culto, convencendo-o a espiar os “bacanais”, vestindo-se de bacante. Dionísio ainda transfigurado de homem que lhe serviu de guia, Penteu em estado de loucura começa a ter alucinações, vendo dois sois, subindo em uma arvore para ver melhor o culto. Mas Dionísio o apresenta às bacantes que o mata em um ato de selvageria.
Cadmo sabendo do ocorrido por intermédio de um mensageiro, vai em busca do corpo de seu neto. Chegando com o corpo desmembrado de Penteu ele encontra Agave (mãe de o Penteu) tendo nos braços a cabeça de seu filho, crendo que essa era a cabeça de um animal selvagem. Cadmo pedindo sensatez a sua filha que ela se acalmasse, fazendo ela reconhecer seu feito, sendo ela vítima e instrumento de vingança.
Dionísio aparece como deus e distribui castigos para toda a família de Cadmo, tendo esse se transformado em uma serpente que atacaria as cidades gregas, pedindo perdão a Dionísio. Que não aceita pois seria tarde demais.

Aristófanes foi um comediógrafo grego nascido em Atenas por volta de 455a.C, tendo vivido até aproximadamente o ano de 375a.C. Entre alguns textos, que chegaram até os dias de hoje e outros que se perderam, escreveu a comédia grega, “As Nuvens” como forma de crítica político, social e religioso, utilizando de sarcasmo, que já se inicia telo título, para formar essa obra aclamada e estudada até os dias atuais.
Em As nuvens Aristófanes utiliza da imagem de Sócrates como um exemplo de sofista transformando-o em personagem, assim criticando os intelectuais e os acusando de ateísmo. Chamando a atenção para uma inversão de valores que superestimava o conhecimento, fruto desse novo modelo educacional.
A comédia narra a história de Strepsiades, um homem do campo simples que se casa com uma mulher de família aristocrata, estava sendo arruinado por por seu filho Fidipides, que esbanjou a riqueza do pai com corrida de cavalos. Strepsiades para se livrar do filho e da dívida decide o matricular na escola do charlatão Sócrates. Um sofista que por seus ensinamentos era capaz de fazer o injusto prevalecer contra o justo.
Com a recusa de seu filho, ele decide ir aprender pessoalmente. Chegando no Pensatório, Strepsiades encontra um aluno de cabeça para baixo com as nádegas para cima, tentando descobrir o que ninguém podia saber, o que tinha debaixo da terra, enquanto a traseira investiga o que tinha no céu. Após Sócrates aparece como um deus, descendo de cima dentro de um cesto, essa aparição critica a forma como intelectuais se sentem superiores.
O primeiro ensinamento que Strepsiades recebe é que deveria esquecer os deuses tradicionais e começar a adorar as nuvens, as verdadeiras divindades responsáveis pelos raios, trovões, as chuvas e o ar, sendo esse o princípio da crítica de Aristofanes ao ateísmo dos pensadores. Apesar do empenho de Sócrates, seu novo discípulo, por ser simples aprende nada, tendo que desistir dos ensinamentos.
Por fim, voltando para casa, Strepsiades consegue persuadir seu filho Fidipides, que toma seu lugar no Pensatório. Assim começa seu ensinamento em prol do Raciocínio Injusto, contra o Raciocínio Justo. Fidipedes aprende as lições e consegue livrar seu pai das dívidas. Porém a situação se volta contra o pai por conta de uma desavença entre os dois, essa por conta de gostos de autores gregos, o pai e o filho brigam, sendo espancado pelo filho, acabando assim com a ordem natural de hierarquia, utilizando a retórica que aprendera, para justificar o que estava a fazer. Ouvindo de seu filho que iria bater na própria mãe, Strepsiades se arrepende do que tinha feito com a intenção de acabar com sua dívida. Dessa forma revoltado com a situação, Strepsiades volta ao Pensatóro e o incendeia, para desespero dos discípulos seguidores de Sócrates.

Menandro foi um comediógrafo grego nascido em Atenas por volta de 342a.C, tendo vivido até aproximadamente o ano de 291a.C. Entre alguns textos, que chegaram até os dias de hoje e outros que se perderam, escreveu a comédia grega, “Díscolo”, que significa “Mal-humorado”, essa sendo a única peça encontrada inteira do autor. O encontro desse escrito marca a Comédia Nova Grega, que devido à política da época, não critica as instituições e nem os homens públicos, mas fala sobre personagens comuns sem grande complexidade, sendo que o coro não tem mais tanta importância, não sendo um personagem da trama.
A trama conta sobre um jovem rico, Sóstrato, que se apaixona por uma moça que vive com seu pai, Cnemon, esse se opõe à união dos jovens. O pai da jovem é o personagem central da trama, que ganha seu título por causa de seu humor, pois ele é mal-humorado, mas não que ele seja uma pessoa má, mas ele está decepcionado com a humanidade.
Por causa do enrolo deus Pan decide ajudar o casal, por isso a peça se desenvolve em volta de sua gruta. A mãe de Sóstrato cultua esse deus, fazendo oferendas a ele. Cnemon fica incomodado com as multidões das pessoas que fazem oferendas a Pan, por isso xinga e se tranca em sua casa. Mas nisso um escravo lhe pede uma panela, que acaba caindo em um poço, sabendo disso o velho busca recuperar o utensilio, mas acaba dentro do poço. A graça da peça está justamente na falta de humor de Cnemon e o quanto ele mal diz os acontecimentos.
Borges meio-irmão da filha de Cnemon salva seu padrasto, após esse evento ele começa a rever suas atitudes, revendo sua visão hostil sobre a humanidade. Assim ele aceita que sua filha case com o jovem Sóstrato. Terminando a peça com uma grande festa. A peça mostra a diferença de antropofobia e seu oposto a filantropia, demonstrando como as pessoas são seres políticos que vivem em sociedade e o quanto precisamos desse convívio social e de fazer e querer o bem a outro.

Apologia de Sócrates
Apologia é o discurso em que Sócrates, aos seus 70 anos, diante de sua morte eminente, realiza a defesa de seu modo de vida, ao mesmo tempo que acusa seus algozes de mentir e critica os sofistas. Criando assim uma diferença entre os filósofos e os sofistas. Essa suposta morte surge pelo seu julgamento, baseado na crença da época, onde cidadãos acreditavam que negar os deuses levaria a sociedade à ruína, pois os deuses poderiam se enfurecer e puni-los por falta de rituais e sacrifícios. Então Sócrates era um inimigo dessa crença, sendo acusado de ateísmo e por corromper a juventude.
Apologia começa com Sócrates dizendo que não se preocupa em falar com eloquência, mas diferente de seus acusadores (Meleto, Ânito e Lícon), prefere dizer somente a verdade, regatando as acusações que pesam sobre ele, citando As Nuvens e o Oráculo de Delfos. Pois esse afirmou ser ele o homem mais sábio do mundo, mas o pensador contraria o oráculo, não concordando que seria esse homem. Para isso ele buscou 3 tipos de pessoas (que simbolizam os 3 que o acusaram): os políticos; artesãos (os que dominam uma técnica); poetas. Esses três afirmaram obter a plena sabedoria, mas sabiam somente do que eram especialistas. Somente Sócrates tinha plena consciência de sua limitação, dizendo, “Eu sei quando eu sei, eu sei quando não sei”.
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